Por 41 anos as brasileiras não puderam praticar o futebol. Se no passado as mulheres eram proibidas de praticar o esporte, no presente lutam para diminuir a desigualdade de oportunidades entre os gêneros. Por isso, é fundamental que o Estado brasileiro tenha medidas de incentivo para valorizar e popularizar o futebol praticado por meninas e mulheres. Nessa direção, o Ministério do Esporte (MEsp), por meio da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, criou, em 2023, a Estratégia Nacional para o Futebol Feminino.

Ela foi instituída pelo Decreto n° 11.458 e completa um ano de vigência em 30 de março. A estratégia foi assinada pela então ministra do Esporte, Ana Moser, e pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na ocasião do Tour da Taça da Copa do Mundo Feminina da Fifa, evento que foi realizado de 20 de julho a 20 de agosto na Austrália e Nova Zelândia.

Em seu discurso, o presidente enfatizou “Não existe outro caminho para a humanidade se não formos tratados como iguais, não fazendo a discriminação que é feita hoje junto às mulheres em muitas atividades, inclusive no esporte. Uma coisa importante é que nós estamos assinando um decreto para estabelecer a estratégia do esporte feminino, do futebol feminino.”

Muitas conquistas e ações já foram realizadas. A estratégia pretende ser um legado antecipado do futebol feminino, com ações para o fomento do esporte de base, passando pelo incentivo a mais profissionais da área como técnicas e juízas, até a realização de campeonatos regionais, nacionais e mundiais, como a Copa de 2027.

Ainda na ocasião da assinatura do decreto, o presidente Lula reafirmou o compromisso de dar suporte à intenção da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de sediar a edição de 2027 do Mundial e enfatizou que o País, em função de todo o investimento realizado em infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 de futebol masculino, já dispõe de modernos estádios e aeroportos prontos para sediar a competição entre as mulheres.

“O governo, por meio da Presidência, do Ministério do Esporte, do Itamaraty, estará à disposição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para fazer o que for necessário, para que a gente consiga trazer, em 2027, a Copa do Mundo Feminina para o Brasil. Será um evento extraordinário, motivador, da construção de uma consciência política junto ao povo brasileiro, para que ele entenda a participação da mulher efetivamente em todos os cantos em que ela puder participar, onde ela quiser, do jeito que ela quiser”, concluiu Lula.

O texto da estratégia elaborou um diagnóstico da situação atual do futebol feminino no País e um Plano de Ações até 2025, que integre a equidade de gênero, o combate ao racismo, à misoginia e a redução das desigualdades sociais. O Diagnóstico do Futebol Feminino do Brasil, de agosto de 2023, concluiu que a modalidade ainda é predominantemente amadora no país. De acordo com ele, apenas 19,2% das atletas possuem vínculo profissional, enquanto 4,9% têm contrato de trabalho temporário e 1,2% contrato de formação. Outro fator importante é que 47,9% de jogadoras não recebem qualquer valor a título de salário ou ajuda de custo.

MEsp e parceria com o Sesi

A Estratégia Nacional para o Futebol Feminino lançou o marco de suas atividades em agosto de 2023, em São Paulo. A primeira iniciativa contou com a parceria do Ministério do Esporte, do Conselho Nacional do Sesi e Sesi-SP. Foi assinado um acordo de cooperação para o desenvolvimento do futebol feminino. Estão disponibilizados 11 núcleos nas unidades do Sesi-SP (Campinas, Itú, Jaú, Limeira, Matão, Mauá, Osasco, Rio Claro, Santos, São Carlos e Tatuí) para a prática do esporte para meninas e adolescentes de forma gratuita.

São meninas e adolescentes de 6 a 15 anos, do Programa Atletas do Futuro (PAF) do Sesi-SP, que há mais de 30 anos promove formação e cultura esportiva. Atualmente, 1519 alunas são atendidas, sendo 1271 do programa de iniciação esportiva e 248 alunas nas equipes Sub-12 e Sub-14, de 12 aos 16 anos. O objetivo é aperfeiçoar as capacidades esportivas para fins competitivos, em que serão realizados campeonatos entre os núcleos. O objetivo é detectar cerca de 300 talentos esportivos, e, em 2025, levar meninas a jogarem profissões em federações.

Essa ação é o início de várias outras que Governo Federal, Sesi, Fiesp e outros parceiros entregarão pelo país. Está no planejamento para o triênio 2023-2025 iniciativas de capacitação profissional, criação de núcleos de prática, criação de centro de treinamento de formação de base, incentivo à pesquisa e melhora de calendários com a profissionalização para atletas e mulheres em cargos de gestão.

Em outubro, o Governo Federal oficializou a criação de um Grupo de Trabalho para coordenar as ações da candidatura do Brasil a sediar a próxima edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino, em 2027. O Decreto nº 11.724 foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A principal função do GT é garantir o cumprimento de uma série de exigências previstas no caderno de encargos da Federação Internacional de Futebol (FIFA) para os países que se candidatam a receber o Mundial. Algumas das pastas envolvidas são os ministérios da Saúde, da Educação, da Justiça e Segurança Pública, da Defesa, das Comunicações, das Cidades, dos Direitos Humanos e da Cidadania, das Mulheres, de Portos e Aeroportos, do Turismo, da Igualdade Racial, dos Transportes, do Trabalho e Emprego e das Relações Exteriores.

Brasileiro de Futsal

Em novembro de 2023, foi realizado o 1º Campeonato Brasileiro de Futsal Escolar Sub-17, em Salvador, com a 1° e 2° divisão feminina. A competição escolar foi organizada pelo Ministério do Esporte, com a parceria da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), autarquia da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) e da Federação Baiana de Futebol de Salão (FBFS).

Centro de Futebol Feminino

Já em 2024, foi inaugurado o primeiro Centro de Desenvolvimento do Futebol Feminino (CDFF) do Brasil, em Porto Alegre. O secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Athirson Mazzoli, esteve presente na cerimônia. A ação teve aporte financeiro do Governo Federal de R$ 200 mil e contribuição de R$ 2 mil por parte da prefeitura. O Centro atende 120 meninas e fornece equipamentos e um ambiente esportivo para adolescentes de 13 a 17 anos.